ROSINEIDE BELLO - PVMDC - RESGATE: 3 MENINOS E O PÉ DE PIMENTA


 Canal: Tem um menino brincando com um pé de pimenta. Na verdade são três meninos. Eles estão pensando em colocar a pimenta na boca.


M.D.C.: Olá.

Canal: Oi tia, você já viu pimenta, tia?

M.D.C.: Já e eu adoro pimenta.

Canal: É muito bonita.

M.D.C.: Só que eu tenho cuidado com pimenta, sabia?

Canal: Essa aqui está tão bonita, dá vontade de morder ela.

M.D.C.: É, mas algumas pimentas não podem ser mordidas.

Canal: Ela é doce, tia?

M.D.C.: Então, existem muitos tipos e não dá para saber se essa aí vai queimar demais ou se é doce.

Canal: Mas ela é tão vermelha e grandinha... parece um doce.

M.D.C.: Mas não deve ser não.

Canal: Então não pode morder ela?

M.D.C.: Provavelmente não.

Canal: Eu falei para os meus amigos que provavelmente não daria para morder, mas eles estão me desafiando para morder ela.

M.D.C.: Mas você não precisa aceitar o desafio.

Canal: Eu não, você falou que é ardida.

M.D.C.: Não dá pra saber só olhando.

Canal: Eu sei que é pimenta porque meu pai falou que é. Ele planta muitas e depois coloca nos vidrinhos e vende, mas eu nunca experimentei.

M.D.C.: Você tem que experimentar depois que ele preparar. Então ele sabe dizer para você qual é a mais ardida, qual é menos e coloca só um pedacinho na comida para provar.

Canal: Tia e se eu der para esses dois bobos aqui? Eles comem primeiro.

M.D.C.: Não, aí você vai prejudicá-los e essa não é uma ação do bem.

Canal: É, verdade, então eu vou falar para eles que ela é ardida e é pra gente brincar com outra coisa. Mas tia, porque aqui só tem pimenta? Não tem outra fruta, não tem nada.

M.D.C.: Você disse que seu pai planta pimenta para vender.

Canal: Sim, eu falei, mas tinha que ter outras coisas pra gente comer.

M.D.C.: Mas na sua casa não tem?

Canal: Tia, não sei, não consigo chegar em casa. Eu fico andando, andando e quando vejo estou aqui neste pé de pimenta. Aí eu durmo, meus amigos dormem, a gente anda e volta no pé de pimenta, por isso é que estávamos pensando em comer.

M.D.C.: Será que vocês já não comeram essa pimenta e ela era tão forte que vocês se afogaram?

Canal: Ah tia, você é esperta. Sabe quando sai lágrima do olho?

M.D.C.: E vocês se afogaram com a pimenta, não é?

Canal: Ele deu pimenta para os outros.

M.D.C.: Todos comeram a pimenta, não foi?

Canal: Eu acho que ele sabia que era ardida, ele não para de dar risada.

M.D.C.: É, mas o que eu acho que aconteceu não é de dar muita risada, não. Quantos anos vocês têm?

Canal: (risos)

M.D.C.: O que é tão engraçado para você?

Canal: Eu vou falar o que ele fez. A primeira vez ele falou que era vermelha e com gosto de morango. Eles comeram e ele ficou rindo. Na segunda vez eles falaram que não era morango, então ele colheu, pintou elas de amarelo e disse que tinha outro sabor.

M.D.C.: E vocês morreram afogados com a pimenta?

Canal: Ah tia, pode ser, a gente comeu muitas. Estávamos com muita fome, comemos até as folhinhas dela. Eu senti mesmo, tia, a minha garganta trancou, eu não conseguia respirar, mas depois passou, acordei e estava aqui novamente, então...

M.D.C.: Eu sei, mas sabe o corpo de carne, o corpo físico? Ele morreu com essa experimentação de pimenta.

Canal: Tia, se te derem pimenta, não coma.

M.D.C.: Provavelmente vocês morreram asfixiados.

Canal: É, eu fiquei com falta de ar.

M.D.C.: E por que você acordou no outro dia e se viu novamente normal? Porque é assim, quando a gente morre, a gente passa para o outro lado da vida e a gente tem um outro corpo igual e a gente continua vivendo normalmente e nem percebe que o corpo físico morreu.

Canal: É por isso que meu pai nunca vem aqui?

M.D.C.: Exatamente. Na verdade, ele deve ter ido, deve ter tentado socorrer vocês, mas não deu.

Canal: Ah, isso eu não sei, tia. A gente comia, ficava com falta de ar e dormia. Eu não achei que tivesse acontecido alguma coisa.

M.D.C.: Aconteceu.

Canal: Só que a gente está morrendo de fome. Se eu não sair daqui, vou ter que comer essas pimentas novamente.

M.D.C.: Agora não precisa mais comer a pimenta. Eu tenho uma mesa toda preparada para vocês se alimentarem à vontade.

Canal: Eu quero pudim, minha mãe fazia um pudim de leite, nossa... Era muito bom! Meus amigos estão morrendo de fome também, tia.

M.D.C.: Já vai chegar uma pessoa aí que vai se aproximar de vocês e que vai levá-los para se alimentarem e tomar um banho, descansarem em uma cama e conhecer novas pessoas.

Canal: Eu já fiquei tanto tempo agachado olhando esse pé de pimenta e já andei tudo aqui, só tem pimenta. A gente comeu de todos os tipos, tia. Tem umas de bolinha verde, tem umas vermelhinhas que parecem cerejas, mas são amargas. Tia está vindo uma pessoa aqui.

M.D.C.: Vocês podem ir com ela.

Canal: São duas pessoas. É uma moça e um rapaz. Eles vão brigar com a gente por causa da pimenta, tia?

M.D.C.: Não.

Canal: Ah, porque eu acho que fiz arte.

M.D.C.: Arte vocês fizeram, mas nem por isso eles vão brigar. Podem ir com eles.

Canal: Eles vão levar a gente para esse lugar que você falou?

M.D.C.: Vão.

Canal: Ah, a primeira coisa que eu vou querer nem é tomar banho, é comer um pudim.

M.D.C.: Eles vão direcionar vocês.

Canal: Eles estão conversando com eles. Ele é muito arteiro este menino, mas, ao mesmo tempo, é muito inocente. Eles os pegaram agora e estão levando-os. Levaram. Agora a plantação de pimenta está toda florida. Eles já foram.

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