Aos Que São Sinceros
A DIVERGÊNCIA cria perturbação. A divergência é a pedra das mudanças. A divergência é a pedra perturbadora lançada no espelho d’água. Ondas de pensamento e sentimento impedem o verdadeiro reflexo da Realidade. A vida não reflete a vontade de Deus, mas sim circunstâncias conturbadas.
Cada um só pode controlar a sua própria mente e os seus próprios sentimentos, mas deverá lembrar-se sempre de que, em um universo que lateja com as pulsações da vontade de Deus, os vencedores são muitos, e as suas ações vibratórias devem ser reconhecidas.
Em vez disso, muitos examinam as pessoas cinzentas e míopes cujos conceitos ambientais amplificam a discórdia gerada nos seus próprios mundos ou neles projetada. Defendemos a amplificação da vontade de Deus, porque “a vontade de Deus é boa”.
Esta afirmação de aparência pueril, quando repetida muitas vezes, é o meio que permite aquietar a mente e diminuir a crescente maré de emoções humanas.
“A vontade de Deus é boa”
A vontade de Deus é o trovão do amor universal. É a força da mão direita do Todo-Poderoso. É o fogo da Sua devoção e o melhor presente que Deus oferece aos Seus filhos. Nela há segurança e a força que produz segurança pra além das eras.
Quem reconhece a vontade de Deus como a primeira vibração do Seu amor magnificente não se deixará agitar pelo canto dos grilos, pelo estrondo do canhão ou por ameaças.
O medo ataca a vontade de Deus, mas o calmo conhecimento do amor infinito destrói as condições obscurecedoras que emanam da mente dos depravados.
Quanto tempo poderão sobreviver sem o fogo da vontade sagrada? Roubam luz e energia porque perderam a sua. Os filhos do Sol são as suas vítimas inocentes, mas não para sempre. Vêm agora os sábios. Estes são os pacificadores, chamados de bem-aventurados. São os filhos de Deus que compreendem a força da vontade sagrada.
Na Grande Eternidade, no princípio de tudo, Deus viu luz e era luz. Dessa luz emanou a beleza do propósito amoroso, e n’Êle não havia nenhuma treva, nem era possível que houvesse. Esta era a incorrupta vontade de Deus – a mesma ontem, hoje e eternamente.
O conhecimento do bem e do mal, da dualidade, das facções temporais e opostas presentes no âmbito do livre arbítrio da pessoa – tudo isto surgiu primeiro como uma possibilidade, e depois como as sombras indistintas das violações karmicas e da desobediência à boa vontade.
Os princípios da fraternidade vinham claramente enunciados na regra de ouro:
“Como vós quereis que os homens vos façam, da mesma forma fazei-lhes vós também.”
Cada violação produziu, porém, o borrão correspondente a sua mancha na página, e os Senhores do Karma disseram: “Esta rejeição da lei de Deus não é senão uma repetição das vozes enviadas para produzir discórdia.”
Mas houve um ímpeto ainda maior, uma coação da vontade de Deus que procurava ensinar por meio da disciplina da lei, para assim evitar a repetição do erro.
A necessidade da vontade de Deus era clara. Mas, embora o amor perfeito lance fora todo o temor, porque o temor atormenta, o que fazer pelos empobrecidos que haviam perdido o seu amor perfeito dos primórdios de Deus?
“Que pelo menos compreendam”, disseram os Grandes, “que Deus castiga aqueles a quem ama, e que Ele continua amando com a generosidade do Seu perdão.”
Assim nasceu a vontade perdoadora de Deus na consciência do homem. Foi um passo para recuperar a perfeição, porquanto os homens compreenderam que colheriam de acordo com o que semeassem, nasceu neles o desejo de ter perfeição.
Este desejo de retornar à perfeição por intermédio da graça tornou-se o segundo corolário da vontade de Deus. Os filhos dos homens que haviam errado viram a necessidade de corrigir os seus caminhos errôneos e assim voltar aos antigos limites da perfeição – à perfeição do amor perfeito.
Os filhos do Sol, que chegaram portando as pedras brancas do Templo do Sol, evocaram a resposta mais poderosa possível do coração dos homens, pois no coração dos homens havia também vestígios de uma lembrança dos dias remotos em que a raça antiga vivia em comunhão com o Deus vivente.
Compreenderam que o perdão era a graça eterna e o fogo do propósito. E também que o perdão fazia parte da vontade de Deus. Assim surgiu de novo, como um raio de luz, o desejo de retornar ao perfeito amor.
“Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam...” As cadências das palavras do Mestre gotejavam com os fogos do perfeito amor que é a Sua perfeita vontade. É necessário que estabeleçamos na consciência, o conceito das origens, porque a maioria dos processos mentais dos homens é moldada de acordo com as oscilações da mente – para diante e para trás.
Este movimento pendular, geralmente provocado pela agitação das emoções humanas, faz parte da luta do homem para encontrar a identidade que já lhe foi conferida. Este movimento, porém, só consegue afastar os homens da paz de Deus e do Seu amor.
Quem quiser descobrir a vontade de Deus deve compreender que esta já faz parte do universo; que o universo, no seu sentido macrocósmico, já é a perfeição de Deus; e que em cada estrela, em cada célula e em cada átomo, foi impressa a imagem divina.
As palavras “Não terás outros deuses diante de Mim” mostram a necessidade de que a Divindade neutralize a farsa que leva o homem a aceitar os fiats da imperfeição. Estes foram proferidos por mentes inferiores e pelos que enganam uns aos outros e a si mesmos.
A vontade de Deus, que é boa, é naturalmente boa. Esta bondade é inerente à natureza, à mente do homem e a todos os sistemas que foram criados por Deus no princípio e que Ele enviou para fazerem a Sua obra perfeita.
“Sede vós, pois, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos Céus.”
O desejo de perfeição é uma manifestação natural de um Deus perfeito que brilha por detrás da Sua manifestação perfeita, mas tudo o que deriva da imperfeição é contrário à natureza divina.
A vontade de Deus é uma segurança que está além da crença, além da fé, e até mesmo além da manifestação, porque consiste nos raios solenemente maravilhosos da ternura com que o Pai Se preocupa com a Sua criação.
Se não fossem perturbadas e se pudessem expressar os elementos da sua identidade cósmica, as pessoas veriam-se pulando nos braços do perfeito amor – o perfeito amor de Deus. E o clarão da sua identidade divina lhes permitiria vencer todos os elementos do mundo das aparências que há tanto tempo as têm afligido.
Assim, o sonho, o sonho “impossível” torna-se a realidade. E tudo o que o homem pensou ser real, no que diz respeito à sua relação com o universo, é visto como uma quimera – uma ilusão tremeluzente produzida pela energia mal qualificada.
Em seu lugar, em lugar da miragem da identidade carnal, com as areias movediças da sua manifestação, a realidade da Identidade Crística, passa a ser percebida como sendo a vontade de Deus.
Que diferença faz que existam forças opostas?
As forças da Luz são mais dominantes, as forças da Luz são maiores, as forças da Luz são completas e eternas. Elas permanecerão quando os homens não forem mais que pó e os seus pensamentos de hoje, ecos vazios nas câmaras da memória.
Que os homens compreendam não ser da vontade do Pai que eles pereçam, mais sim, que tenham vida abundante. Quando começamos a examinar os grandes pensamentos de Deus e a grande vontade de Deus, quando começamos a examinar quão grande é Deus, devemos compreender que um aspecto essencial da Sua grandeza é a vida abundante, a vida que é eterna.
Foi o medo – medo da morte e medo da ilusão – que fez com que alguns homens não se mantivessem no estado de consciência que permitiria à vontade de Deus manifestar-se por seu intermédio. Precisam compreender a naturalidade do propósito cósmico: Deus é vida.
Eles estão manifestando uma vida temporal, mas possuem também, aqui e agora, as sementes da vida eterna na própria essência da alma que Deus lhes deu.
A Presença flamejante que os dirige do Alto, a sua Presença Divina, “EU SOU”, representa o fogo da vontade de Deus; e a vontade de Deus inclui no seu seio a química total do propósito cósmico. Assim, cada parte da vida fica sob a direção do propósito central da vontade de Deus.
É uma loucura o fato de algumas pessoas se sentirem separadas da vontade de Deus, como se não pudessem conhecê-la, porque a Sua vontade começa na simplicidade de uma criança e na simplicidade da natureza. Ela é tão natural e doce que em sua sofisticação os homens frequentemente perdem os seus princípios.
O caminho para recuperá-la é o caminho que o Mestre Jesus ensinou: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos Céus.”
O resultado de tornar-se uma criança é o renascimento, é “nascer de novo” na consciência do reino do Céu.
Asseguro-vos que a vontade de Deus vos ensinará a expandir o vosso ser até que, da mais ínfima sementinha, como uma semente de mostarda, vos torneis uma árvore de propósito cósmico que se identifica com a vontade divina.
Quão formidáveis são os conceitos encerrados nas simples ideias da fé, esperança e caridade!
Seguimos em frente rumo à luz em eterna expansão.
O vosso irmão mais velho, EU SOU O QUE EU SOU
El Morya
Ditado ao mensageiro Mark L. Prophet
Fonte: págs. 15-21, do livro “A Sagrada Aventura” Mark L. Prophet
Editora Summit Lighthouse - 2001.
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