(Nesta passagem, Bezerra de Menezes sai com dois discípulos para visitar a Lua, aonde presentemente são enviados os espíritos que não deverão continuar na Terra, e também Nibiru, o planeta que se aproxima da Terra e que levará os que não desejam abandonar o velho estilo de vida baseado no orgulho e no egoísmo)

- Estamos nos acercando – falou Bezerra – do satélite terreno onde, por graça da Misericórdia, já se encontram recolhidos todos os seres que, até este momento, retirados do campo magnético e psíquico diretamente ligado aos homens, ceifam os frutos dolorosos decorrentes de longos séculos e até mesmo de milênios de sementeira indiferente. Não obstante, tais destinos poderiam ter sido esculpidos de outra maneira uma vez que não lhes faltaram informações, conselhos, demonstrações e alertas para que trilhassem a estrada reta, evitando o rosário de lágrimas das trilhas tortuosas. Observemos como estão nossos irmãos de humanidade, compelidos a viver encerrados em um corpo celeste como a Lua, no aguardo do traslado para a casa nova que se aproxima.

O ambiente espiritual da Lua estava transformado pelo constante abastecimento de entidades retiradas das esferas vibratórias ao redor do núcleo rochoso da Terra. Por isso, seu clima psíquico era lastimável. Multidões em movimento de manadas animalescas se atritavam, agarrando-se aos antigos vícios e condutas que caracterizavam seus interesses comuns. Violência e perversidade se conjugavam no entrechoque do ódio, do desejo do mal, da revolta e do crime.

Compostas em sua maioria por espíritos impuros, aqueles cujas características predominantes são o desejo do mal, a indiferença ao Bem, a inclinação para todos os vícios e o combate às virtudes, tais multidões se nutriam dos defeitos que as faziam algozes de si próprias. Inconformadas com o afastamento compulsório do ambiente terreno de onde julgavam que jamais seriam banidas, estas entidades se hostilizavam mesmo quando pareciam estar unidas pelo pavor do desconhecido.

Aquelas almas sabiam, no íntimo, que algo muito grave lhes ocorria, e o temor do futuro lhes repercutia nas condutas desesperadas. Seres monstruosos, animalescos, tirados das entranhas da Terra, como que libertados de cadeias lodosas, se arrastavam, asselvajados, confusos e violentos diante da nova condição. Calor e frio, escuridão e luz intensa promoviam as modificações extremas nas sensações físicas e psíquicas no âmago de todos.

Entidades menos atrasadas, pertencentes a outros graus de evolução que não o dos Espíritos Impuros, também fugiam dos ataques de seus irmãos de sofrimento, migrando para outras regiões do satélite estéril, como andarilhos aterrorizados que nunca houvessem encontrado um pouso seguro. Por toda parte a desolação e o desespero, sem portas para a fuga através do suicídio, da morte deliberada, do enlouquecimento. Em verdade, a loucura já se havia instalado no seio de cada um deles, alienação vivida consciente ou inconscientemente, sem que se encontrasse uma medicação paliativa aos efeitos angustiosos.

Ao longe, nascendo no horizonte lunar, o Planeta Azul, o berço generoso que tanto sofrera com os ataques da ignorância, que tanto suportara o peso explorador daqueles indiferentes espíritos que, nele tendo assumido corpos destinados a serem instrumentos para a evolução da alma, mais não haviam feito do que se empenharem num domínio destrutivo, como um filho que, desejando mais do que o leite materno, cravasse os dentes no seio que o alimentasse para dele arrancar a própria carne, indiferente ao sacrifício da mãe generosa.

 

Magnatas ególatras, governantes corruptos, ditadores despóticos, líderes religiosos indignos, conquistadores ambiciosos, magistrados venais, cientistas doentes da inteligência, homens e mulheres inferiorizados pelos hábitos pecaminosos de sua vida pessoal, por toda parte se viam assustados na companhia de outros seres ainda mais grotescos. Haviam sido os gozadores do mundo, os que conquistaram as recompensas terrenas, os que cultivavam o Bezerro de Ouro que, finalmente, encontravam-se no reino que tanto lhes havia seduzido.

– Observando as tristes realidades que emanam de tais seres – falou Bezerra, interrompendo as observações – poderemos supor que estejam esquecidos da Misericórdia do Universo. Vendo-os assim, como alucinados em debandada sem rumo, o coração que ama se condói até as mais profundas fibras. No entanto, estamos presenciando a amputação para garantir-se a vida e o crescimento da alma. Imaginemos que aí estejam nossos amigos, nossos companheiros de muitas vidas, nossos irmãos de ideais, nossos parentes equivocados, nossos algozes, nossos perseguidores, mas também aqueles a quem amamos como carne de nossa carne. 

Não lhes parece doloroso presenciar esses momentos de destruição para a reconstrução? Mas os seres que ainda estão na Terra, valendo-se das oportunidades do tempo no grande relógio da eternidade, aquele que reduz séculos a horas, décadas a minutos e anos a segundos, podem ainda contar com alguns segundos para tentarem reverter a inferioridade pelo cultivo dos valores da Nova Humanidade com ânimo sincero, com arrependimento pelos erros cometidos, com esforço de superação de si próprio, evitando tanto o estágio preparatório na Lua como também a transferência para o outro destino que, por suas peculiaridades, é bem mais doloroso e exigente do que o próprio estágio lunar. Não imaginem que a Lua seja o porto definitivo, o destino final de tais entidades. 

Trata-se de medida preparatória de adestramento pela dor cuja finalidade é apartar o que precisa ser transferido para o alvo final. Observem ao longe, aquele ponto bem à nossa frente. Trata-se de mundo conhecido das lendas antigas como o portador da destruição, causador de traumas geológicos e mudanças bruscas na estrutura magnética e elétrica da Terra, isso sem falar no caos civilizatório que, em todas as suas aproximações, sua influência provocou. Apesar disso, a sua aproximação é vista como um grande benefício para o aceleramento das mudanças. Ainda que nesta distância da órbita terrena, suas magistrais dimensões e a grandeza de seu campo magnético-psíquico já se fazem sentir ao longo de sua trajetória, chegando aos homens bem antes de que sua massa se faça visível aos olhares aterrados. 

Sua presença energética desperta nos que lhe são afins as emoções grotescas, as práticas mais vis pelos vícios que alimenta, das baixezas morais que estimula porque, primitivo, como disse, tal orbe emite esses sinais que se conectam com os que se lhe assemelhem em vibrações e desejos, alimentando-os com seu psiquismo, fortalecendo-os nos desejos e nas práticas inferiores. Precedendo-lhe a influência magnética e gravitacional que se avoluma, observa-se, há décadas, a piora dos padrões emocionais do planeta, o avolumar das crises sociais, dos crimes hediondos, das leviandades nos costumes, agora acrescidos das modificações climáticas, da surpreendente e inesperada variação do magnetismo planetário com modificação da posição dos polos da Terra. 

Fenômenos inusitados confundem a mente dos homens de ciência, cheios de teorias e cegos para a verdade. Várias instituições científicas estão informadas da aproximação desse corpo massivo, mas, por prudência ou por receio de se ridicularizarem, não se dispuseram ainda a reconhecer a emergência que se abate sobre toda a humanidade, preferindo adotar condutas contemporizadoras ou, até mesmo, procurando preparar as pessoas empregando recursos subliminares como filmes, reportagens, documentários de desastres, tratando do assunto de maneira ficcional. Gradualmente, porém, a influência gravitacional desse corpo planetário vai apertar seus laços sobre os demais planetas do sistema solar, demarcando a sua trajetória com as naturais consequências de sua presença intrusa e gigantesca, aproximando-se do nosso Sol. 

Este é o corpo celeste que, como um ímã poderoso, separará a limalha de ferro pelo poder que já exerce, e exercerá, ainda mais, sobre tudo o que se sintonize com a sua vibração. Homens e Espíritos no mesmo padrão serão por ele reclamados como um patrimônio que lhe pertence, liberando a Terra para novas etapas de crescimento e evolução. Talvez venha a ser confundido por muitos com um cometa, com um astro que se chocará com nosso planeta, com um mensageiro do mal pelo medo e aflição que provocará. 

Outros se valerão dele para atormentar seus irmãos de humanidade, tentando arrancar-lhes os últimos bens materiais que possuam. Mal intencionados se valerão de tal presença no Céu para apregoar o fim do mundo, levando o caos aos mais ingênuos e despreparados. Marcada por eventos cataclísmicos datados de milênios, a humanidade sentirá a aproximação do novo ajuste de contas e cada qual saberá dizer se, no fundo de si mesmo, fez o que deveria ter feito para a modificação de suas vibrações. Por fim, a aproximação maior provocará as alterações geológicas, climáticas e energéticas que promoverão a depuração da humanidade pelo perecimento de muitos e pela separação das almas. 

Para ele serão levadas aquelas que já se encontram estagiando na superfície do satélite lunar. Batizado desde a antiguidade com diferentes nomes, tais como Nibiru, Marduk, Hercólubus, pela ciência chamado de planeta X, também apelidado de Astro Higienizador ou Chupão pelos espiritualistas de diversas vertentes, este é o Mundo Novo, mundo em formação dotado de uma humanidade primitiva que precisa de irmãos mais capacitados, treinados no aprendizado terreno que a ajudará, acelerando a sua evolução. E enquanto fazem isso, desbastam as próprias arestas ao conviver com as asperezas de um planeta primitivo e rústico que lhes fornecerá as oportunidades para lições novas de disciplina e transformação. 

Se o sofrimento da Lua é apenas expansão da maldade dos que nela foram congregados, nenhum deles imagina o que os espera em um mundo novo como esse, sofrimento que compunge o sentimento dessas Almas Superiores, que tudo fizeram para adiar o trágico encontro dos maus com seus próprios destinos. É da lei que a sementeira é livre, mas a colheita, obrigatória.

Planeta Nibiru Astronomia - Imagens grátis no Pixabay
Os dois ouvintes estavam atônitos. Ao longe divisavam um grande corpo celeste avermelhado pelos gases que o envolviam, com um tamanho imenso para os padrões terrenos e que, como Bezerra afirmava, era dotado de uma atmosfera fluídica primitiva, que já se podia sentir mesmo estando a milhões de quilômetros de distância. Como haveria de ser árdua a vida naquele corpo celeste! – pensavam em silêncio.

Continuou Bezerra:

– É suficiente para os nossos objetivos que nos conduzem informarmos aos nossos irmãos de humanidade de que esta é a hora definidora de suas vidas. Que a aproveitem da melhor forma para que não acabem mudando de casa. Que não percam tempo na transformação decisiva de suas tendências mais profundas porque, pelo tamanho do planeta que estão observando, não faltará espaço para boa parte dos trinta bilhões de espíritos que, encarnados ou desencarnados, estagiam na Terra ou em seus níveis vibratórios. Ali também os corpos são constituídos de maneira muito semelhante aos humanos da terra. 

No entanto, não possuem a beleza que a harmonia biológica já conseguiu edificar no funcionamento quase perfeito de todos os tipos e sistemas na Terra. Corpos rudes, primitivos, com cérebros ainda em desenvolvimento no atrito das formas serão modelados para que o instrumental do pensamento possa expressar a intensa riqueza de ideias de que são portadores os novos membros. A hostilidade dos elementos atmosféricos auxiliará nos esforços da sobrevivência para o estímulo ao raciocínio na superação de tais obstáculos. A reminiscência de uma sociedade mais avançada ajudará os novos moradores na construção de embriões de comunidades nas quais tentarão reproduzir as instituições do planeta que deixaram. 

Talvez edifiquem monumentos de pedra em homenagem aos seus antigos amigos e ao paraíso que perderam, cuja lenda provavelmente criarão para explicar aos amigos do mundo novo como é que foram parar lá e por que motivos foram condenados ao degredo. No entanto, terão braços, pernas, força física, necessidades básicas para sobrevivência, em corpos que só encontramos paralelo nos fósseis da nossa Terra, que atestam a evolução da forma humana. A humanidade terrena que for exilada para lá se transformará no elo perdido na estrada evolutiva dos seres que o habitam, porquanto antes de sua chegada, o primitivismo morfológico predominava na longa edificação das formas. 

Depois de aportarem ao destino, os recém-chegados levarão um modelador diferente para as formas, que passarão a progredir para corpos mais bem torneados, melhor elaborados, produzindo uma figura com feições mais delicadas. Sob o esforço sucessivo de infindáveis reencarnações, melhorarão as formas pela imposição de sua nova estrutura perispiritual sobre a matéria obediente além de receberem o impulso dos Espíritos Superiores que, conduzidos pelo mesmo Cristo, ali operam para forjar os novos futuros para os irmãos de humanidade. Grande laboratório de formas em busca de modificações de almas, esta Casa do Pai continuará, ela também, sob a administração cósmica do Divino Mestre na condução do Rebanho que, desde os longínquos tempos, recebeu de Deus com a tarefa de encaminhá-lo ao Crescimento Espiritual na Escola do Universo. 

E como o Senhor bem o realçou nas passagens que chegaram aos dias do presente, DO REBANHO QUE O PAI LHE HOUVERA CONFIADO, NENHUMA OVELHA SE PERDERIA. Não se trata, pois, de uma derrocada moral realçando a incapacidade pedagógica do Amigo Celeste. Trata-se de um curso de aprendizado rápido, de depuração intensa, de amadurecimento contínuo graças ao qual Jesus conseguirá fazer com que despertem para a Verdade e, dessa forma, almejem regressar um dia ao planeta Azul de onde foram retirados, milênios antes.

Silencioso e inflexível em sua trajetória determinada, fluía o corpo celeste com as suas peculiaridades gasosas projetando-se por seus lados, qual cometa que desprendesse os gases durante seu deslocamento na aproximação com o sistema solar. As imagens eram mais fortes do que todas as palavras e, por isso, os três se mantiveram na observação à distância, meditando na sabedoria das leis do Universo que se valem das próprias limitações das criaturas para, daí, retirarem os materiais para o progresso delas mesmas.

Era a concretização do momento sublime da Grande Transição, conforme mencionado em tantos textos religiosos por milênios afora.

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Vinhas de luz - Chico Xavier - Bezerra de Menezes


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