EXTRAS E INTRAS - Relato de um reencontro com a Luz



Sou um pecador e não mereci o socorro que os trabalhadores do Cordeiro me deram, quando sentia dores atrozes pelo remorso que me torturava e pelos meus algozes que me sentenciaram a trabalhos forçados pela eternidade.

Nas horas das dores, quando não há mais ninguém a quem recorrer, a criatura se lembra daquele que sempre foi e sempre será puro amor, porque ama e ampara a todos, mesmo os que lhe viram as costas.

Pois bem. Fui um trabalhador implacável, dedicado a apagar, da memória do povo,  as lembranças do anjo de bondade que esteve na Terra. Fui tenaz na destruição da sua obra e dos seus feitos. Possuía um grande prestígio, por ser um proeminente religioso em séculos passados. Como tinha a confiança do povo humilde e ignorante, ficava fácil, aos poucos, ir desconstruindo e moldando as mensagens do Mestre aos meus interesses.

Após o meu desencarne, fui sugado pelas forças da escuridão para “O Inferno”, ao qual tanto ameacei mulheres e homens, se não satisfizessem minhas ambições por dinheiro, poder e luxúria.

Irmãos, poupar-vos-ei dos horrores que passei nos porões do Abismo.  Mas, se há algo que eu posso dizer e que vos ajudará, de alguma forma, é o seguinte: não vos demoreis para sair do duro desvio do caminho que leva à Luz. Escutai os conselhos dos Instrutores que, com amor e dedicação, vos conduzem pela estrada segura.

Não penseis que sempre haverá tempo para fazer a reforma de vossas almas, ou que há exagero quando esses profetas das boas mensagens vos alertam da emergência do momento em que viveis.

O que vos digo é que Eles são muito brandos e bondosos ao não transmitirem, de forma detalhada, como é a vida nas zonas escuras do astral inferior e como vai ficando mais terrível, a cada nível que for descendo. Eles vos poupam dessas narrativas, porque trabalham distribuindo amor e não desgraças ou falta de esperança.

Foi-me recomendado que também vos poupasse da exposição do que vi e vivi, até para não perturbar minha mente. Hoje, sou amparado por aqueles que sempre difamei e procurei destruir através da minha autoridade eclesiástica. Estou trabalhando ainda no Abismo, mas agora como um infiltrado da Luz – como dizem, um espião – passando  informações dos locais onde se podem resgatar irmãos infelizes e conduzir a limpeza em relativa segurança.

Minha culpa e meu remorso não me permitem sair desse local e, de certa forma, combinei com os superiores que ficarei até que todos os que aqui estão nesses porões da escuridão, por minhas ações, possam ver a Luz e recordarem do Mestre Jesus.

No abismo não há perdão ou esperança: a vida é consumida pela dor, pelo remorso e pelas humilhações. A lembrança do madeiro nos faz afundar ainda mais nos pântanos de nossas memórias. E assim, por séculos, fazemos das nossas culpas as barras de ferro das nossas prisões. Porém, posso vos garantir, com toda certeza, que são incansáveis os humildes trabalhadores que, com suas vestes brancas, aqui vêm, ininterruptamente, convidar-nos a mudar o rumo de nossos pensamentos, a lembrar sem medo ou culpa do Anjo da Luz e não nos apegarmos à imagem da cruz, nem a pensar em nossas vidas pregressas, ou naqueles a quem lançamos nestas paragens, mas sim, que busquemos nos libertar para que, no futuro, nós mesmos possamos libertá-los.

Pode parecer impossível para a vossa mente limitada pelo tempo terreno, mas foram séculos de negociações e tentativas para me incentivar a mudar o rumo das minhas ações. Até que um ser de Luz em forma de mulher, com toda ternura de mãe e o olhar mais doce que já foi dirigido a mim, veio até minha secular caverna e disse-me que trazia  uma mensagem do seu filho. E o que me foi transmitido, com suas palavras, era que finalmente, me considerasse livre e perdoado, pois Ele nunca me condenou ao “Inferno” a que minha vida havia se tornado.

Agora, compartilho a mensagem convosco. Difícil para mim segurar a emoção, ao relembrar do dia em que os grilhões caíram por terra e que a paz, a qual não achava ter direito, invadiu a minha alma culpada e “morta”. Eis:

“Irmão amado do Meu coração. Por séculos, estive ao vosso lado, só esperando que, um dia, lembrásseis do tempo em que juntos estivemos.

Por que buscais, na escuridão, o consolo para vossa alma torturada, quando vos ofereço a luz que liberta?

Se vos lembrásseis das minhas palavras, então, recordaríeis que o amor e o perdão são o que ofereço a todos os filhos da criação.

Por acaso acreditais que vossas dores e sofrimentos são compensações que buscais para a Justiça Divina? Não, irmão querido do Meu Coração! O que vos ofereço é o calor do Sol, é o caminho da paz, é o repouso tranquilo sem pesadelo ou medo; é a boa amizade e somente a verdadeira alegria, o que vos ofereço. Não quero o vosso sacrifício ou vossa culpa improdutiva, que só servem para a vossa permanência nos porões da mente.

O que vos ofereço é o trabalho em benefício dos que sofrem, amparo aos desamparados, colocando em prática o conhecimento que possuis no socorro àqueles que, como vós, me temem e me julgam pelas próprias ações.

Aqui estou, Esdras, a vos relembrar o que ensinei: que, com amor e perdão, a tudo vencemos e o Pai que nos criou não quer o remorso dos culpados, mas a redenção dos que se acham perdidos nas cavernas do Abismo.

Acredite nas minhas palavras, amigo. Libertai-vos da culpa e vinde trabalhar em Meu nome, pela Luz. Lembrai-vos: Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém chegará ao Pai, senão por Mim. ”

Dessa forma, aqui estou, irmãos, ainda trabalhando no Abismo. Mas agora, trabalhando humildemente em nome da Luz, pois que minha gratidão eterna à mãe Maria e ao meu irmão maior Jesus, me impulsionam para resgatar aqueles que, como ocorreu comigo, se acharem sem esperança e presos ao “inferno eterno”.

Esdras

Ex Sacerdote

(11/07/2020)


 Fonte: http://extraseintras.com/

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